deu em o globo
Fundamentalismo nas eleições (Editorial)
Uma eleição presidencial em um país com as dimensões, complexidades e problemas do Brasil merecia uma agenda de debates de melhor qualidade. Intoxicado pela estratégia do lulopetismo de tornar as eleições plebiscitárias — “Lula contra FH”, sem que nenhum dos dois tenha nome e foto na tela da urna — , o pleito terminou mediocrizado, nivelado por baixo, campo fértil para táticas de marquetagem política.
Não fosse o lançamento da candidatura de Marina Silva, com uma proposta a salvo do
maniqueísmo implícito na ideia do plebiscito, não haveria este saudável segundo turno,
uma chance para que, em pouco mais de 20 dias, Dilma Rousseff e José Serra se mostrem como são, defendam propostas claras, não demagógicas e realistas sobre temas estratégicos (saúde, educação, impostos, por exemplo). Infelizmente, a forma como se encerrou o primeiro turno lança sérias dúvidas sobre a discussão no segundo tempo da disputa.
A conclusão de que um fator decisivo na migração de votos de Dilma Rousseff, de formação de esquerda, para Marina Silva, militante verde e evangélica, e que teria viabilizado o segundo turno, foi uma mobilização quase subterrânea de grupos religiosos antiaborto ameaça estreitar ainda mais o campo de enfrentamento de ideias e propostas entre os dois candidatos finalistas.
Se Serra, ao escapar da esperada derrota definitiva no primeiro turno, voltou à luta destacando a política ambiental da sua gestão no governo de São Paulo, Dilma Rousseff recomeçou a campanha com citações do nome de Deus e negação da tese da descriminalização do aborto, já defendida por ela publicamente, assim como por seu partido, o PT. Resvala-se para o perigoso terreno da hipocrisia e, pior, deixa-se que um condenável fundamentalismo religioso defina o tom do segundo turno.
Dilma, na verdade, não é vítima de qualquer difamação, pois há registros de sua defesa da descriminalização do aborto — permiti-lo em circunstâncias objetivas e especiais, além da gravidez decorrente de estupro, como prevê o Código Penal. Mas o código criminaliza, em geral, a interrupção da gravidez, e por isso é defendido de maneira feroz por grupos religiosos conservadores.
Sequer admitem o aborto quando a vida da mãe corre riscos. Recusam-se a perceber o aspecto nítido de saúde pública existente no tema. Não se comovem nem com o fato de complicações decorrentes de intervenções malfeitas em clínicas clandestinas serem uma das mais importantes causas de mortes maternas.
Agiu de maneira correta o ministro da Saúde José Serra quando, em 1998, contra a ação deste mesmo lobby que se movimenta na campanha, emitiu nota técnica ao SUS para regular a curetagem em mulheres vítimas de estupros, como determina a lei. Mesmo assim não se livrou de críticas.
É risível a candidata Dilma Rousseff assumir um discurso conservador contra o aborto, depois das entrevistas que deu e pronunciamentos que fez em sentido contrário. Soa falso.
Melhor os dois candidatos estimularem uma discussão séria e sincera — até para além da eleição — sobre assunto tão grave para as mulheres, principalmente as de baixa renda e instrução, a grande maioria delas.
Curvar-se a este fundamentalismo é trair o princípio da laicidade do Estado, uma conquista do Iluminismo, em um lance de esperteza eleitoreira.
TRANSCRITO NA ÍNTEGRA DO BLOG RICARDO NOBLAT.
Fundamentalismo nas eleições (Editorial)
Uma eleição presidencial em um país com as dimensões, complexidades e problemas do Brasil merecia uma agenda de debates de melhor qualidade. Intoxicado pela estratégia do lulopetismo de tornar as eleições plebiscitárias — “Lula contra FH”, sem que nenhum dos dois tenha nome e foto na tela da urna — , o pleito terminou mediocrizado, nivelado por baixo, campo fértil para táticas de marquetagem política.
Não fosse o lançamento da candidatura de Marina Silva, com uma proposta a salvo do
maniqueísmo implícito na ideia do plebiscito, não haveria este saudável segundo turno,
uma chance para que, em pouco mais de 20 dias, Dilma Rousseff e José Serra se mostrem como são, defendam propostas claras, não demagógicas e realistas sobre temas estratégicos (saúde, educação, impostos, por exemplo). Infelizmente, a forma como se encerrou o primeiro turno lança sérias dúvidas sobre a discussão no segundo tempo da disputa.
A conclusão de que um fator decisivo na migração de votos de Dilma Rousseff, de formação de esquerda, para Marina Silva, militante verde e evangélica, e que teria viabilizado o segundo turno, foi uma mobilização quase subterrânea de grupos religiosos antiaborto ameaça estreitar ainda mais o campo de enfrentamento de ideias e propostas entre os dois candidatos finalistas.
Se Serra, ao escapar da esperada derrota definitiva no primeiro turno, voltou à luta destacando a política ambiental da sua gestão no governo de São Paulo, Dilma Rousseff recomeçou a campanha com citações do nome de Deus e negação da tese da descriminalização do aborto, já defendida por ela publicamente, assim como por seu partido, o PT. Resvala-se para o perigoso terreno da hipocrisia e, pior, deixa-se que um condenável fundamentalismo religioso defina o tom do segundo turno.
Dilma, na verdade, não é vítima de qualquer difamação, pois há registros de sua defesa da descriminalização do aborto — permiti-lo em circunstâncias objetivas e especiais, além da gravidez decorrente de estupro, como prevê o Código Penal. Mas o código criminaliza, em geral, a interrupção da gravidez, e por isso é defendido de maneira feroz por grupos religiosos conservadores.
Sequer admitem o aborto quando a vida da mãe corre riscos. Recusam-se a perceber o aspecto nítido de saúde pública existente no tema. Não se comovem nem com o fato de complicações decorrentes de intervenções malfeitas em clínicas clandestinas serem uma das mais importantes causas de mortes maternas.
Agiu de maneira correta o ministro da Saúde José Serra quando, em 1998, contra a ação deste mesmo lobby que se movimenta na campanha, emitiu nota técnica ao SUS para regular a curetagem em mulheres vítimas de estupros, como determina a lei. Mesmo assim não se livrou de críticas.
É risível a candidata Dilma Rousseff assumir um discurso conservador contra o aborto, depois das entrevistas que deu e pronunciamentos que fez em sentido contrário. Soa falso.
Melhor os dois candidatos estimularem uma discussão séria e sincera — até para além da eleição — sobre assunto tão grave para as mulheres, principalmente as de baixa renda e instrução, a grande maioria delas.
Curvar-se a este fundamentalismo é trair o princípio da laicidade do Estado, uma conquista do Iluminismo, em um lance de esperteza eleitoreira.
TRANSCRITO NA ÍNTEGRA DO BLOG RICARDO NOBLAT.
Querido Ricardo
ResponderExcluirpasso para lhe dar um grande abraço e dizer-lhe que acima de tudo haja ORDEM E PROGRESSO!
E a mocinha do lado é sua netinha?
Bonito retrato de família
Bom fim de semana
Aqui chove a cântaros... o nosso outono chegou com cara de inverno rsrsrs
Abraços
Pois é caro Ricardo, concordo com o amigo Walter...
ResponderExcluirQue haja ordem e progresso, que na realidade a muito rogamos e esta esquecida na Bandeira que representamos...
Abraços!
Ricardo bom ver que esta de volta.
ResponderExcluirA política deste país sempre se dividiu nesta batalha de poder, Marina qual lado vai escolher?
Fosse eu candidata não assumiria este peso ou fardo, mas a pergunta permanece em quem votar?
Debate, entrevistas e jornalistas que por vezes fazem perguntas mal articuladas. Neste tiroteio de bobagens eleitorais fica o eleitor, mais perdido do que cego em tiroteio.
Desinformação neste país é tudo... político adora!
Quando digo briga por poder me refiro aos mesmos partidos, que trazem fantasmas nas costas.
Renata
Pois é meu amigo, ainda não foi dessa vez que consegui meu segundo herdeiro, mas passei para te agradecer por todo carinho, beijos
ResponderExcluirVisitar esse cantinho é PURA MAGIA.
ResponderExcluirObrigado amigo pelo seu carinho.
Adoro vc!
Fim de semana de muita luz, bençãos, amor, paz,...
beijooo.
Voltei!
ResponderExcluirMeu papagaio nessa plantação de girassol ele iria fazer uma festança só.
beijooo.
Boa noite Ricardo,
ResponderExcluirpassei para desejar bom fim de semana. Em época eleitoral, a expectativa é grande, embora as previsões sejam praticamente certeiras.
Beijinhos,
Ana Martins
Ave Sem Asas
Querido amigo e poeta,vamos esperar que o povo brasileiro tenha juizo, e eleja o Serra. PT mais quatro anos ninguem merece. Tenha um lindo final de semana. Beijocas
ResponderExcluirun placer saludarte y dejarte parte de mi cariño.
ResponderExcluirqué viva la vidaaaaaaaaaaa
Um editorial lúcido e oportuno. Esse assunto merece ser discutido seriamente e com profundidade.
ResponderExcluirbeijos
Meu Amigo,até ao último minuto ñ se
ResponderExcluirsabe bem!Ñ é?!
Gostava tanto que o Brasil continuasse cada vez mais forte,mais
justo! Transformar o sonho em realidade!
Beijo.
isa.
Um belo e bem desenvolvido texto sobre política e o Coldplay pra finalizar espetacularmente! É... nota 1000.
ResponderExcluirAbraço.
Tempos difíceis, meu amigo e de decisões importantes nesse vosso país enorme!
ResponderExcluirOxalá o resultado final, lá para o fim de Outubro, seja aquele que melhor possa servir o povo.
Consigo, tudo bem? Espero e desejo que sim, grande lutador pela VIDA!
Tenho sentido sua falta!
Grande abraço, fraternal e solidário!
Que felicidade e emoção chegar aqui e encontrar essa música e lindos girassóis!!!
ResponderExcluirBeijos de carinho!
Amor sempre, poeta iluminado!!!
Adoro vir aqui!
ResponderExcluirE viva a vida!!!
Beijossssssssss
OI AMIGO QUERIDO!
ResponderExcluirHOJE HÁ UMA MENINA-GEISHA-BORBOLETA, á sua espera no Banzai...
TERNURAS
SEMPREEEEEEEEEEE
Meu chameguinho!
ResponderExcluirPosso te fzer um pedido?
Como você sabe o meu blog Vivereafinaroinstrumento está concorrendo ao Prêmio TOP BLOG 2010 e é com imensa alegria que informo que ele foi classificado entre os 100 mais votados na categoria Música!
Uma vez que nesse 2º turno os votos já computados não serão considerados espero contar novamente com seu voto a partir do dia 10/10/10 até 10/11/10.
Muito obrigada!
Fátima
Ricardo querido
ResponderExcluirVim deixar um beijo pelo Dia das Crianças.
Afinal, apesar dos pesares, só a criança que existe em nós é capaz de desenhar sorrisos com o sal das nossas lágrimas.
Carinho,
Fátima Guerra
EM POLÍTICA OS HOMENS SÉRIOS NÃO TÊM LUGAR...
ResponderExcluirUM ABRAÇO AMIGO
Oi,
ResponderExcluirSou alguém que conheceu o inferno das drogas, que fez alicerce e morada nesse lugar. Sofri todos os horrores, ou boa parte deles e hoje me encontro limpa, sem drogas, mas consciente que tenho uma doença, sem cura, progressiva e fatal. Não tenho um intuito específico escrevendo isso, não estou procurando criticas, conselhos ou julgamentos, sou conhecedora da causa que escrevo, não há teoria. Sou apenas mais uma com vontade de colocar pra fora todos os bichos da minha história.
http://vidadeumaexd.blospot.com
Obrigada
Meu querido Ricardo,
ResponderExcluirQuanto tempo,estava atarefada com mudança,casa,escola,essas coisas,rsrsrsr
Muita paz e alegria Gitana pra vc.
Olha não querendo ser pessimista,porém,creio que o Brasil está longe de melhorar,pra Deus tudo é possível. O congresso nacional é igual a teta de vaca,todos querem abocanhar...
Será necessário anos e anos de uma nova consciência brasileira,educação,saude,social e por ai vai.
Vou ficando por aqui,não gosto muito de politica pois,nunca se chega a lugar nenhum.
beijos no seu coração e na familia.
Indiana